segunda-feira, março 19, 2012

Ela

Ela procura a poesia e sua beleza
Ainda que não saiba defini-la
Ou o que faria se pudesse tocá-la, tendo sua essência por entre os dedos
Uma busca às vezes vã, mas de recompensas infinitas.

Poesia nas coisas pequenas, nos detalhes
Nos fios fora de lugar do cabelo que insiste em se bagunçar,
Na fumaça de um cigarro pós-café se iluminando e desaparecendo no ar
Poesia repousando num piano, num trompete,
Esperando o momento de ser solta no ar, conjurada,
Seu som reverberando nos cantos da alma
Na redescoberta de um sentimento quase esquecido e há muito aguardado
Num sorriso que se conquista, ainda que não se mereça
Poesia duma tristeza que é conhecida, mas não negada
Numa felicidade que de tão palpável e absoluta não parece real
No beijo longamente aguardado
No observar dos contornos dum vestido
Na beleza da inegável imperfeição de um corpo nu
A beleza crua e verdadeira das linhas duras e tortas
Poesia na beleza escondida dos olhos, na beleza que é descoberta, beleza achada
Poesia no azul de uma segunda tempestuosa
No surrealismo dos sonhos, sua supremacia e intimidade
No se sentir livre - não no ser livre -, a poesia do fluxo
A poesia das coisas não-ditas, dos silêncios
A poesia que vale a pena ser escrita, descrita, vivida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário