sábado, julho 30, 2011

Pedaços de Mim

          Home is where your heart is”, eu costumo ouvir. Mas penso que nesse momento não consigo dizer precisamente onde estão nenhum dos dois.
         Meu coração (assumindo o significado geralmente dado ao coração por razões práticas), não mais vermelho e quase cinza, perdido, machucado, em uma estrada qualquer, talvez, com manchas de sangue ao redor como uma parede em um filme de Quentin Tarantino. Cansado de suas próprias demandas infantis, escondido de outros corações, cada um com suas decepções próprias. Batendo forte o suficiente para sobreviver, apenas.
         Minha casa, com suas bases gastas, os cantos das paredes cheios de poeira e paredes carregadas de palavras mofadas e silêncios arcaicos, ou qualquer sentimento que seja. Um lar agora pequeno demais para acompanhar o crescimento dos meus braços e pernas, olhos e desejos. Lugar onde cores e coisas “familiares” podem não ser alegres como boas lembranças da infância, e por um instante parecer opacas, rasas, estranhas. Casa sem teto.
         Eu, trincado. Eu, em pedaços. Feito de cacos juntados às pressas e colados juntos por mãos desatenciosas, sem ordem ou compaixão. Construção malfeita que o espelho tenta inutilmente esconder. Ainda sobram algumas cicatrizes aqui e ali – que o corpo tenta fazer desaparecer –, testemunhas das feridas de outrora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário