domingo, setembro 04, 2011

Oração a Morpheus


De uns tempos pra cá, fico torcendo pra me desejarem ‘Bons sonhos’ na hora das despedidas. Não que eu realmente acredite que vá fazer alguma diferença, como se isso fosse ligar um mecanismo dentro de mim que ativasse os sonhos. Mas vale a pena tentar.
E afinal, qual é a diferença entre um sonho bom e um sonho ruim? Os sonhos bons seriam os que lhe deixam alegres (enfim, fazem sentir bem) e os ruins os que lhe deixam tristes ou com medo (enfim, fazem sentir mal)? Mas que besteira. E os pesadelos, coitados, fonte de tão puro terror, provavelmente não existiriam se o Sonhar fosse democrático.
Já eu me contento com apenas sentir, o que quer que seja. Não me dou ao luxo de querer ter esse ou aquele sonho. Que me faça enlouquecer, que me entristeça, me deixe nostálgico ou sem entender absolutamente nada do que se passou, não importa. Que me emocione de algum jeito, para que assim, de olhos bem fechados, eu possa sentir sonhando o que não pude no mundo desperto.
Assim sonho: perdido no tempo. Sozinho no silêncio escuro. Preso no labirinto da minha própria mente. Sem controle. Ilimitado e ao mesmo tempo limitadíssimo pelas barreiras do inconsciente. Vigiado por olhos negros como a escuridão, olhos que brilham. Abro mão da lógica e da razão, e me entrego a esse caos calmo, à mercê das areias infinitas do Sonhar.
Mas se tudo isso for injusto e eu não possa lembrar dos sonhos sempre, que a justiça seja feita. Só não me desperte.

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