quarta-feira, janeiro 19, 2011

Era Uma Vez...

Com uma voz que beirava o desespero e um andar vacilante, a menina disse “Eu não quero brincar sozinha”, e resumiu assim toda a existência de um filho único. Agora a pobre menina está tão sozinha como quando estava no útero da mãe, quando nem imaginava que a vida pudesse ser tão... difícil – mesmo ela ainda sendo fácil, por enquanto, ou quando os pais brigam e ela não tem onde ou com quem se esconder. E nem tudo passa entre o começo e o fim de um daqueles filmes com cara de rotina que ela já conhece par couer.

Mas, mas... por que os adultos precisam complicar tanto as coisas? Por que a mãe parece tão distante e tão cansada às vezes? Por que o pai fica tão concentrado na televisão de vez em quando? Por que o irmão insiste em ler esse livro? Por quê?

Não adianta, ela não saberia o que fazer com um porquê. Como quando ela vê uma pequena borboleta a voar no parque, tentaria trazê-lo para perto, segurá-lo, possuí-lo, mas depois perceberia que não pode entendê-lo. Chegará o dia em que ela entenderá o porquê, mas nesse momento já terá percebido que todos precisam de um pouco de solidão às vezes, e a vida seguirá seu curso. Mas ela ainda queria um irmãozinho, de vez em quando.

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